(“Por que negar o que você mais deseja?”)
Sou leigo, não sou um
profissional da área, mas considero a Psicologia uma ciência fascinante.
Para aqueles que estão
interessados numa introdução à matéria, recomendo a leitura de dois livros
muito legais. Para profissionais e apenas curiosos. ENTENDENDO FREUD ("A razão
não é uma coisa dada. É preciso lutar por ela.") e ENTENDENDO JUNG ("Não há
nada que os neuróticos gostem mais que chafurdar nos infortúnios do passado e
na autopiedade"). Fazem parte da coleção Entendendo - Um guia
ilustrado, da Editora Leya. Várias personalidades e assuntos são apresentados
numa linguagem que mistura histórias em quadrinhos e textos. O resultado,
considerando esses dois livros que li, é irresistível. Esta jornada pela vida e
obra desses dois gênios da psicanálise nos conduz por uma leitura prazerosa e
enriquecedora, desvendando-nos um mundo de luzes e sombras que nós, leigos,
desconhecemos. Um passeio intrigante pelos meandros e mistérios da mente
humana.
Um filme que revela a
relação ambígua entre Freud e Jung, admiração mútua e ao mesmo tempo
antagonismo, é o excelente UM MÉTODO
PERIGOSO (A Dangerous Method), de David Cronenberg. Apresenta também a
personagem Sabina Spielrein, paciente de Jung, depois sua amante, e que veio a
se tornar um dos grandes nomes da psicanálise do século XX. O psicanalista
austríaco Otto Gross, um dos pioneiros da “liberação sexual”, é outro
personagem, interpretado por Vincent Cassel. Como paciente de Jung, encaminhado
por Freud, sua breve participação no filme é igualmente marcante.
Freud considerava Jung como
seu sucessor legítimo, mas em certo momento da relação entre ambos as
divergências passaram a se manifestar.
"Temos de entrar em
território desconhecido", pensava Jung.
"O mundo está cheio de
inimigos à procura de um modo para nos difamar. E assim que nos virem abandonar
a terra firme da teoria sexual eles atacarão, deleitando-se na lama negra da
superstição", retrucava Freud.
Sabina Spielrein também metia
sua colher: "Talvez tenha chegado ao estágio onde obediência importa mais para
ele que originalidade", referindo-se a Freud.
A relação apaixonada e
tempestuosa entre Sabina, Jung e Freud atravessa a tela com intensidade e
discute a complexidade dos relacionamentos humanos e a própria essência da
psicanálise, sua evolução, tratamentos, teorias, dogmas e contradições. Um
filme para ser admirado e discutido.
O legado dessas
personalidades da psicanálise é fenomenal. Pois a verdade é que podemos ser os piores
inimigos de nós mesmos. Somos capazes de nos autoboicotar e autodestruir. E
essa luta contra nosso próprio indivíduo pode ser desigual. Cruel e desumana.
Levamos desvantagem. Não temos condições de vencê-la sozinhos. Precisamos do
reforço da cavalaria. É aí que entram nossos heróis. Jung, Freud, seus
seguidores e outras correntes.
A Psicanálise é a ferramenta
para restabelecermos o equilíbrio perdido na estrada sinuosa da vida.
Afinal, como dizia Jung, "Às
vezes você tem de fazer algo imperdoável apenas para ser capaz de continuar
vivendo".