segunda-feira, 21 de setembro de 2015

FREUD, JUNG E O MÉTODO PERIGOSO

(“Por que negar o que você mais deseja?”)   

                                                     





Sou leigo, não sou um profissional da área, mas considero a Psicologia uma ciência fascinante.

Para aqueles que estão interessados numa introdução à matéria, recomendo a leitura de dois livros muito legais. Para profissionais e apenas curiosos. ENTENDENDO FREUD ("A razão não é uma coisa dada. É preciso lutar por ela.") e ENTENDENDO JUNG ("Não há nada que os neuróticos gostem mais que chafurdar nos infortúnios do passado e na autopiedade"). Fazem parte da coleção Entendendo - Um guia ilustrado, da Editora Leya. Várias personalidades e assuntos são apresentados numa linguagem que mistura histórias em quadrinhos e textos. O resultado, considerando esses dois livros que li, é irresistível. Esta jornada pela vida e obra desses dois gênios da psicanálise nos conduz por uma leitura prazerosa e enriquecedora, desvendando-nos um mundo de luzes e sombras que nós, leigos, desconhecemos. Um passeio intrigante pelos meandros e mistérios da mente humana.

Um filme que revela a relação ambígua entre Freud e Jung, admiração mútua e ao mesmo tempo antagonismo, é o excelente UM MÉTODO PERIGOSO (A Dangerous Method), de David Cronenberg. Apresenta também a personagem Sabina Spielrein, paciente de Jung, depois sua amante, e que veio a se tornar um dos grandes nomes da psicanálise do século XX. O psicanalista austríaco Otto Gross, um dos pioneiros da “liberação sexual”, é outro personagem, interpretado por Vincent Cassel. Como paciente de Jung, encaminhado por Freud, sua breve participação no filme é igualmente marcante.

Freud considerava Jung como seu sucessor legítimo, mas em certo momento da relação entre ambos as divergências passaram a se manifestar.

"Temos de entrar em território desconhecido", pensava Jung.

"O mundo está cheio de inimigos à procura de um modo para nos difamar. E assim que nos virem abandonar a terra firme da teoria sexual eles atacarão, deleitando-se na lama negra da superstição", retrucava Freud.

Sabina Spielrein também metia sua colher: "Talvez tenha chegado ao estágio onde obediência importa mais para ele que originalidade", referindo-se a Freud.

A relação apaixonada e tempestuosa entre Sabina, Jung e Freud atravessa a tela com intensidade e discute a complexidade dos relacionamentos humanos e a própria essência da psicanálise, sua evolução, tratamentos, teorias, dogmas e contradições. Um filme para ser admirado e discutido.

O legado dessas personalidades da psicanálise é fenomenal. Pois a verdade é que podemos ser os piores inimigos de nós mesmos. Somos capazes de nos autoboicotar e autodestruir. E essa luta contra nosso próprio indivíduo pode ser desigual. Cruel e desumana. Levamos desvantagem. Não temos condições de vencê-la sozinhos. Precisamos do reforço da cavalaria. É aí que entram nossos heróis. Jung, Freud, seus seguidores e outras correntes.

A Psicanálise é a ferramenta para restabelecermos o equilíbrio perdido na estrada sinuosa da vida.

Afinal, como dizia Jung, "Às vezes você tem de fazer algo imperdoável apenas para ser capaz de continuar vivendo".