quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

BAD SANTA

(“Olhe toda essa porcaria. Precisa mesmo de tudo isso? Pelo amor de Deus, é Natal.”)




Amy Winehouse é nossa cantora preferida. Falo por mim e minha mulher. Lamentamos muito sua morte tão prematura, no auge da carreira. Quanta coisa legal poderia estar fazendo. Mas o que quero contar é que eu e Amy tínhamos algo em comum, além dos pubs de Camden Town, que conheci quando fiquei um mês e meio em Londres (isso já é outra história). Ambos compartilhávamos de uma mesma opinião: o melhor filme de Natal de todos os tempos é BAD SANTA (no Brasil, Papai Noel às Avessas). Assisti, certa vez, a uma entrevista dela manifestando sua predileção pelo filme como o top do gênero.

Bad Santa é uma comédia americana de 2003, produzida pelos irmãos Weinstein e pelos irmãos Coen, dirigida por Terry Zwigoff e protagonizada por um Billy Bob Thornton hilário, completamente canalha, fazendo o papel de um vigarista, que no período do Natal, trabalhando como Papai Noel e associado a um anão que se fantasia de elfo, sobrevive de roubos a cofres nas lojas de departamentos onde trabalha.

Todos os personagens são divertidos. Willie (Thornton) está sempre bêbado, inclusive com as vestes vermelhas do senhor do Polo Norte recebendo as crianças com seus pedidos. O anão, Marcus (Tony Cox), sempre leva de casa, ao realizar os assaltos nos magazines, uma lista de “compras” encomendada por sua mulher. Um inspetor encarregado da segurança de uma grande loja (Bernie Mac) é uma ameaça à dupla de assaltantes.

O garoto de oito anos (Brett Kelly), o kid, grande e gordinho, impassível, ingênuo e vítima de bullyngs, com quem Willie passa a conviver, já que para o menino ele é Santa Claus e o bandido não tem onde se esconder, foi um achado de tão engraçado. Na casa onde Willie se estabelece, o garoto mora com uma avó esclerosada, que volta e meia parece que está morta mas acorda saltitante para fazer sanduíches. E a “irmã da Mamãe Noel”, bartender e namorada de Willie, a sensual Lauren Graham, tem um fetiche pela figura do Papai Noel.

Por que Bad Santa é o melhor filme de Natal?

1) Porque é muito engraçado. É o principal papel cômico de Billy Bob Thornton, onde seu personagem é sempre mal-humorado e ranzinza, mas ao mesmo tempo simpático. O diretor Terry Zwigoff conta que quando sua agente lhe mostrou o roteiro advertiu-o que era um filme que nunca seria feito. Ele leu o roteiro no avião e foi até constrangedor, uma vez que gargalhava em voz alta. “Achei muito engraçado, os diálogos eram ótimos. Liguei para ela e disse que queria dirigir o filme. E ela me disse: "Boa sorte. Tomara que encontre alguém para fazê-lo.” Felizmente Bob e Harvey Weinstein tiveram coragem de produzir a comédia e nós também podemos gargalhar como desvairados.

2) É politicamente incorreto. As cenas da luta de boxe entre o anão e o menino gordinho, ou quando Willie dá uma surra num garoto mais velho que batera no kid, sentindo que fez algo construtivo na vida, são de rolar de rir.

3) Thornton é um bandido decadente e alcoólatra, mas é capaz de sentir compaixão. Conforme a atriz Lauren Graham, “ele é um cara que gosta de beber, fazer sexo e ganhar uma grana fácil”. No entanto, sua amizade com o kid é inusitada, divertida e, de uma maneira bizarra, redentora. Ele até critica o “consumismo” do parceiro e sua mulher numa cena sob suspense: “Olhe toda essa porcaria. Precisa mesmo de tudo isso? Pelo amor de Deus, é Natal.”

4) É comovente. Tem o espírito natalino. Quase choramos na cena em que Billy Bob Thornton enfrenta de tudo para entregar o presente de Natal para o garoto, inclusive as balas da polícia...que atira no Papai Noel, para horror das crianças da vizinhança!

Uma comédia impagável, incorreta, bizarra, até comovente, mas com o espírito desta data celebrada no mundo inteiro. Não passem o Natal sem assistir a Bad Santa

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