(“Vaidade é, com certeza, meu pecado predileto.”)
ADVOGADO
DO DIABO (The Devil’s Advocate) é um
exemplo bem-sucedido de filme que combina dois gêneros, advogado e terror, e se
torna clássico tanto de um gênero quanto do outro.
Convenhamos, Devil já teve um intérprete
melhor que Al Pacino? Robert De Niro em Coração Satânico é candidato, mas é
Al Pacino que confronta Deus, a plateia, o american way of life, e vira o mundo
de Keanu Reeves e o nosso de cabeça para baixo. Tudo isso com uma interpretação
irônica, histriônica, irresistível, e verdadeiramente diabólica. Assim como
pensamos em Moses como Charlton Heston, aquele-que-não-se-deve-dizer-o-nome é
Al Pacino.
Tentação, soberba, ambição e referências
bíblicas permeiam o filme do início ao fim. Como cenário Nova York, símbolo do
pecado. "A morada dos demônios", como dizia a mãe de Keanu Reeves, devota
religiosa, o contraponto à perversidade sedutora de John Milton (Al Pacino),
presidente de uma megaempresa de advocacia que opera no mundo inteiro.
Cenas memoráveis. Kevin Lomax (Keanu
Reeves) é um advogado iniciante que se gaba de nunca ter perdido um caso. Sua apresentação
a John Milton, quando está sendo recrutado pela firma deste, é uma dessas cenas.
Numa clara alusão à tentação de Cristo no deserto, quando o Diabo O leva a um
monte muito alto, John Milton conduz Kevin ao terraço do seu arranha-céu. Lá de cima, Nova York se estende ao longo da vista, ameaçadora e fascinante,
com suas torres de vidro gigantescas, como estacas marcando território,
cravadas em solo impuro ostentando riqueza e poder. Milton parece dizer ao jovem
advogado: "Tudo isto será teu se me
seguires."
Entre tantas outras cenas que prendem nossa
respiração e retiram nosso fôlego, há que se destacar também, sem dúvida, o
gran finale, o duelo definitivo entre Milton e Lomax, na grande sala do
presidente da empresa.
Esse relembra o egoísmo de Kevin em
relação à esposa, a bela Charlize Theron: “Você
estava mais envolvido com outra pessoa. Você mesmo”. “Amor-próprio, a droga mais
natural.” E a grande piada cósmica, no seu entender: “Deus dá instintos ao homem. Ele lhe dá esse extraordinário dom, e o
que faz depois? Ele cria regras contrárias. Olhe, mas não toque. Toque, mas não
prove. Prove. Não engula.”
"Estamos negociando?", pergunta Milton. "Always", é a vez de Lomax responder, praticamente sem saída. O cerco sobre Kevin parece se fechar de forma irreversível.
"Estamos negociando?", pergunta Milton. "Always", é a vez de Lomax responder, praticamente sem saída. O cerco sobre Kevin parece se fechar de forma irreversível.
Mas ele luta bravamente com a única arma
que possui: o livre-arbítrio!
("Livre-arbítrio é uma merda!", retrucava Milton.)
("Livre-arbítrio é uma merda!", retrucava Milton.)
Ao final, noutro momento desse grande filme, quando parece que
nosso herói (que é Kevin, o humano vítima das tentações) vai se safar, eis que ressurge
John Milton, repetindo para todos nós:
Vaidade
é, com certeza, meu pecado predileto.
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