(“Você me acha desprezível? Então você é o único em
quem eu confio.”)
Perdi
a conta de quantas vezes assisti CASABLANCA
(1942). Presença assídua nas listas de melhores de todos os tempos. Com toda
justiça.
Casablanca é o clássico
dos diálogos inesquecíveis.
Uma das primeiras cenas é a
seguinte. Peter Lorre (Ugarte) para Humphrey Bogart (Rick), no Rick's Bar:
- Rick, você me acha desprezível?
- Se pensasse em você...acharia.
- Então você é o único em quem eu confio.
Tem mais. A amante esquecida,
enfurecida, para Rick, no balcão do bar:
- Onde você estava ontem à noite, que não
me procurou?
- Faz tanto tempo que nem me lembro.
- E hoje à noite, podemos nos encontrar?
- Nunca planejo nada com tanta antecedência.
Em outro momento, Rick provoca o Capitão Louis Renault (Claude Rains):
- Aposto vinte mil francos como a caçada
a Victor Laszlo não terminará aqui.
O Capitão Renault responde:
- Deixemos por dez. Sou apenas um pobre
oficial corrupto.
E há, claro, a célebre cena do
aeroporto em que Ingrid Bergman (Ilsa) pergunta "o que será de nós?" e Bogart responde:
- Sempre teremos Paris.
Uma frase dessas já seria suficiente para elevar um filme à condição de
clássico, mas Casablanca é muito mais.
O curioso em Casablanca é que, diferente de outros grandes clássicos do
cinema, não nasceu da mente privilegiada de algum gênio. Por exemplo, A Doce
Vida é fruto do gênio de Fellini, Reds é um trabalho primoroso de Warren
Beatty, O Sétimo Selo é o talento de Bergman, Rastros de Ódio é a
assinatura de John Ford. Já Casablanca tomou forma através de uma química
rara e extremamente feliz do trabalho de vários artistas, não gênios, mas
talentosos. O que poderia ser um simples melodrama transformou-se num filme
inesquecível, graças a vários fatores (muitos acreditam que o acaso teve papel
considerável) e à combinação perfeita entre eles, talento e carisma da dupla de
protagonistas e dos atores coadjuvantes, todos nomes de peso, direção segura de
Michael Curtiz, elogiada fotografia em preto e branco, a trilha sonora, a bela música
tema (As Time Goes By), a cenografia, a estória exótica e fascinante misturando
romance e ideais libertários, luta contra o nazismo (a cena da Marseilleise é
emocionante – alguns críticos consideram a melhor interpretação do hino francês
em toda a história do cinema), diálogos geniais dos roteiristas (os irmãos
Epstein, Howard Koch e Casey Robinson), a montagem extraordinária de Owen Marks
que conseguiu dar coerência a um todo multifacetado. E principalmente,
reiterando, o magnetismo do par central: o carisma e charme de Humphrey Bogart
e a beleza delicada e pensativa de Ingrid Bergman.
Como
dizia o grande Billy Wilder sobre o filme, "a
riqueza de seus enquadramentos e ambiguidades oferecem tantos desdobramentos,
que sempre, quando se volta a vê-lo, é como se o assistíssemos pela primeira
vez".
Uma das primeiras cenas é a
seguinte. Peter Lorre (Ugarte) para Humphrey Bogart (Rick), no Rick's Bar:
- Rick, você me acha desprezível?- Se pensasse em você...acharia.
- Então você é o único em quem eu confio.
- Onde você estava ontem à noite, que não me procurou?
- Faz tanto tempo que nem me lembro.
- E hoje à noite, podemos nos encontrar?
- Nunca planejo nada com tanta antecedência.
Em outro momento, Rick provoca o Capitão Louis Renault (Claude Rains):
- Aposto vinte mil francos como a caçada a Victor Laszlo não terminará aqui.
O Capitão Renault responde:
- Deixemos por dez. Sou apenas um pobre oficial corrupto.
E há, claro, a célebre cena do
aeroporto em que Ingrid Bergman (Ilsa) pergunta "o que será de nós?" e Bogart responde:
- Sempre teremos Paris.Uma frase dessas já seria suficiente para elevar um filme à condição de clássico, mas Casablanca é muito mais.
O curioso em Casablanca é que, diferente de outros grandes clássicos do cinema, não nasceu da mente privilegiada de algum gênio. Por exemplo, A Doce Vida é fruto do gênio de Fellini, Reds é um trabalho primoroso de Warren Beatty, O Sétimo Selo é o talento de Bergman, Rastros de Ódio é a assinatura de John Ford. Já Casablanca tomou forma através de uma química rara e extremamente feliz do trabalho de vários artistas, não gênios, mas talentosos. O que poderia ser um simples melodrama transformou-se num filme inesquecível, graças a vários fatores (muitos acreditam que o acaso teve papel considerável) e à combinação perfeita entre eles, talento e carisma da dupla de protagonistas e dos atores coadjuvantes, todos nomes de peso, direção segura de Michael Curtiz, elogiada fotografia em preto e branco, a trilha sonora, a bela música tema (As Time Goes By), a cenografia, a estória exótica e fascinante misturando romance e ideais libertários, luta contra o nazismo (a cena da Marseilleise é emocionante – alguns críticos consideram a melhor interpretação do hino francês em toda a história do cinema), diálogos geniais dos roteiristas (os irmãos Epstein, Howard Koch e Casey Robinson), a montagem extraordinária de Owen Marks que conseguiu dar coerência a um todo multifacetado. E principalmente, reiterando, o magnetismo do par central: o carisma e charme de Humphrey Bogart e a beleza delicada e pensativa de Ingrid Bergman.
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